quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Uma triste despedida

Hoje é um dia muito triste pra mim, e me fez voltar a ter vontade de escrever. Escrever para desabafar, escrever para tentar entender, escrever por acreditar, inutilmente, que isso servirá para amenizar um pouco a dor que sinto.

Perdi uma amiga. Uma grande amiga! O dia 15 de fevereiro sempre foi lembrado por mim como o aniversário da Luana, outra pessoa especial. Mas, a partir de agora, essa data será lembrada como o aniversário da Luana e a morte de Pixie.

Afinal, quem é a Pixie, cujo nome verdadeiro é Margareth? Uma amiga da minha mãe de longa data (pra ser mais exata, deste 1986) e que fez parte da minha vida durante toda a infância e juventude. Eu e minha irmã crescemos brincando na casa dela. A Pixie era pra mim uma espécie de tia, já que meus pais não têm irmãos e, conseqüentemente, eu não tenho tios, tias, primos e primas como qualquer família “normal”. Uma tia sempre presente, do tipo que não esquecia os aniversários, que sempre me dava presentes que eu adorava e que mantinha em sua casa, num porta-retratos, uma foto minha e da minha irmã.

Lembro como se fosse hoje de todos os natais que passamos na sua casa! A farra, as comidas gostosas e hummmmm....aquele brownie maravilhoso que só ela  sabia fazer!! As brincadeiras no quintal com a Moça (cadela que ela tinha) e os carinhos na fofa da Juju, sua gatinha. Também me lembro com riqueza de detalhes das vezes em que estive em Búzios, na sua casa de praia. Praia dos Ossos, Geribá...o local sempre mudava, mas a recepção calorosa dela era sempre a mesma.

Que pessoa maravilhosa foi a Pixie...guerreira, batalhadora, vencedora! Há anos ela lutava contra várias dores....não só decorrentes dos muitos problemas de saúde que já teve, mas também as dores da alma. Perdeu o marido para a cirrose, dentre outras doenças, perdeu um filho que cometeu suicídio deixando o neto dela, ainda criança, sem pai. Foram muitas as barras que esta brava mulher teve que superar, mas ao menos para mim, ela parecia sempre bem! Sempre alegre, com um sorriso no rosto, demonstrando satisfação em me ver. Queria agora poder dizer pra minha tia emprestada o quanto eu a admirava e amava. Acho que nunca disse que a amava...mas hoje, sentindo a dor da perda, eu vejo o quanto me faz falta não ter dito isso a ela.

Há algum tempo minha mãe andava afastada da Pixie. Nunca entendi bem os motivos, mas mesmo que entendesse nunca poderia concordar com eles. O fato é que, tendo minha mãe se afastado da Pixie, eu me afastei por tabela. Nunca mais a tinha visto até que nos encontramos no dia 30 de janeiro. Foi um encontro rápido, quase sem conversa, e foi o último...Assustei-me um pouco com a aparência frágil dela, no auge dos seus 70 anos, feitos no último dia 12 de outubro, o Dia das Crianças e de Nossa Senhora Aparecida. Como eu sabia que ela passava por problemas de saúde, não dei tanta importância.

No último fim de semana soube que ela estava internada, pois finalmente conseguiu ser chamada para o seu transplante de fígado. Ela era a 13ª da fila na espera por um doador e, por sorte (ou azar), chegou a sua vez mais rápido do que todos pensavam. Que alegria tive no sábado ao saber que Pixie tinha sido finalmente operada. Eu e minha irmã nos informamos sobre os horários de visitas, mas não fui visitá-la...nossa vida moderna anda tão tumultuada que sempre deixamos para depois o que podemos fazer hoje e depois, nos arrependemos. Enfim, o fato é que ela teve uma infecção generalizada depois do transplante e faleceu. Isso aconteceu no dia 15, como eu disse, mas eu só soube hoje pela manhã. As lembranças dela me corroeram durante todo o dia...o nosso contato já não era o mesmo, mas sinto saudades dela como se nunca tivéssemos deixado de conviver. Por várias vezes pensei em procurá-la, mas nunca procurei.

É uma grande perda...estou muito triste e senti necessidade de desabafar por meio desse texto. Me fez refletir no quanto a vida é um sopro e no quanto é importante dizer às pessoas aquilo que sentimos. Eu não disse...

Amanhã ela será cremada no Cemitério do Caju e eu estarei lá para prestar-lhe uma última homenagem. E sempre, sempre vou lembrar com carinho dessa pessoa que foi tão importante no meu passado e que me proporcionou dias maravilhosos em sua companhia.

Descanse em PAZ minha tia Pixie...